quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Meu testemunho - parte I

Desde pequena, eu sempre pertenci a uma família de classe média alta, com uma bela casa, uma família e aparentemente tudo que uma criança poderia querer. Tinha pais que me amavam, parentes atenciosos e tudo o que eu sempre quis nunca foi problema, pois tudo que o dinheiro podia dar eu tinha. Mas apesar de ter tudo, eu não tinha nada por dentro.


Desde pequena, as meninas da escola me maltratavam por ser a mais inteligente e sempre era tachada de a “gordinha” da turma. Era muito difícil para mim, mas mesmo assim, elas ainda tinham inveja de mim por tudo que eu fazia e elas não. Apesar de ser a criticada da turma, sempre estudava, dava o meu melhor para que, no fim do ano, meus pais ficassem felizes. Mas eu, que era a principal, nunca fui feliz por esses motivos. A discriminação quando você não segue os padrões estipulados pelo mundo são criados desde quando somos pequenos e eu passei por isso.

Tinham dias que eu chegava em casa, fazia o dever e nem almoçava. Ia direto pro quarto e ficava sozinha, pensando no que faziam comigo e eu chorava. Mas eu nunca contei a minha mãe. Tentei resolver uma vez e fui na diretoria mais aí sim pioraram os “elogios“ e eu fiquei cada dia pior. Mas eu suportava, porque eu fazia aquilo não por mim, mas sim pelos meus pais.

Meus pais, como eram donos de um restaurante e bar, passavam as noites e a maior parte do tempo lá. Eu ficava com as empregadas, que eram muitas e roubavam meus pais, por isso, eles as demitiam e ficavam sem saber com que me deixar. Até que minha avó se ofereceu para cuidar de mim.

Minha avó era uma pessoa ótima. Cuidava de mim todos os dias que meus pais tinham compromissos e nos dávamos super bem. Então minha tia também vinha às vezes e eu ficava com as duas. Era divertido ficar com elas, mas nada substituía a presença dos meus pais. Isso sempre me deixava triste.

Foi então que aconteceu. Um dos bares dos meus pais pegou fogo. Um incêndio que não deixou nada. Somente dívidas e mais dívidas. Minha avó, por ser uma pessoa preocupada, ajudou meus pais e os sócios na reconstrução. Após isso, eles tentaram reabrir e começaram de novo, mas não deu certo, pois, além disso, eles foram roubados por um parente que fugiu com dinheiro da empresa. Após isso, meus pais e os sócios ficaram realmente endividados, com processos e mais processos. Era realmente o fundo do poço da vida financeira dos meus pais: para quem tinha tudo, agora tínhamos somente alguns resquícios do que era a nossa vida.

Continua...

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